Yemanjá (yemanjá),
A Rainha do Mar, mãe de quase todos os orixás, é
exaltada por negros e brancos. Iemanjá, possui vários nomes: sereia do
mar, princesa do mar, rainha do mar, Inaé, Mucunã, Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá, Sereia, Maria, Dona Iemanjá; dependendo de
cada região, mas sua origem vem da África. “A Iemanjá brasileira é
resultado da miscigenação de elementos europeus, ameríndios e
africanos”.
“Afrodite brasileira”, Iemanjá é a padroeira dos amores e muito
solicitada em casos de desafetos, paixões conflituosas, desejos de
vinganças, tudo pode ser conseguido caso ela consinta. Iemanjá exerce
fascínio nos homens, sua beleza é o esteriótipo da beleza feminina:
Longos cabelos negros, feições delicadas, corpo escultural e muito
vaidosa.
Têm poderes sobre todos aqueles que entram em seu domínio, o mar.
Venerada e respeitada por pescadores e todos aqueles que vivem no mar,
pois a vida dessas pessoas estão em suas mãos, segunda a lenda é ela
quem decide o destino das pessoas que adentram seu império: enseadas,
golfos e baías. Dona de poderes, a tranquilidade do mar ou as
tempestades estão sob o seu domínio.
No sincretismo religioso, Iemanja tem identidade correspondente a
outros santos, como na igreja católica é Nossa Senhora de Candeias,
Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora
da Piedade e a Virgem Maria.
Em cada lugar do Brasil Iemanjá é festejada, mas as datas diferem de
um lugar para outro. No Rio de Janeiro seu culto é festejado no dia 31
de Dezembro, junto a passagem de ano, ondes os devotos oferecem
oferendas: Velas, espelhos, pentes, flores, sabonetes e perfumes… na
esperança de que ela leve todas as tristezas, problemas e aflições para o
fundo do mar e traga dias melhores. Na Bahia sua data é comemorada no
dia de Nossa Senhora das Candeias, 2 de fevereiro. Venerada nos
Candomblés da Bahia, recebe muitas homenagens e oferendas.
Iemanjá também é conhecida como deusa lunar, rege os ciclos da
natureza que estão ligados a água e caracteriza a “Mudança”, na qual
toda mulher é submetida devido a influência dos ciclos da lua.
Mãe de quase todos os órixas, é a deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional.
Casada com Oxalá, Iemanjá é o arquétipo da maternidade. Outras vezes
Iemanjá continua bela, mas pode apresentar-se como a Iara, metade
mulher, metade peixe, as sereias dos candomblés do caboclo.
Nota: Em Cuba, Yemayá também possui as cores azul e branca, é uma
rainha do mar negra, assume o nome cristão de La Virgen de la Regla e
faz parte da Santeria como santa padroeira dos portos de Havana.
MITOLOGIA
LENDA (Arthur Ramos)
Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se
iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju,
a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água.
Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá
desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.
Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal,
apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados.
Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se,
certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar
Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse
quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre.
Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram
duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande
lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses:
Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e
da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do
rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô,
deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes;
Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum,
o Sol; Oxu, a Lua.
Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá
(por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros
orixás fálicos).
Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu
(Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as
Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras
católicas, as iaras ameríndias.
A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da
reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o “mundo em forma”), surgiu
uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido.
Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.
Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas
divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de
Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.
Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos
aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da
nação de Egbá.
Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá
partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o
abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda),
uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os
rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se
assentam e se acomodam.
Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e
orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade
das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de
existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá
nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno
de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas
continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante…, mas sempre cheia
de amor para ofertar.
A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o
rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das
minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer
encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de
Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.
Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus
filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai
o ensinamento de que “é dando que se recebe”. Fonte: Deusa Iemanjá
quarta-feira, 27 de abril de 2016
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