Cor:
cinza e o azul escuro (ou ainda o roxo) e em algumas tribos, o branco
transparente, simbolizando a água (o vermelho e preto é uma influência
dos ritos Nagô, não são cores deste Inquisse nos cultos Angola/Kongo em
sua origem. Lembrando que há seguimentos da Umbanda – nossa escola mesmo
(!) - que se utilizam destas cores para identificar os
espíritos-guardiões)
Pambu Njila, Mpambu Njila, Bambogira, Kongogiro, Ganga Pambuguera, Pangira, Ungira, Ungila
Alguns
autores – dentre eles Nei Lopes - registram e dão a sua origem como do
Kikongo e do Kimbundo com ligeiras variações em seus nomes
(provavelmente fruto da mistura de diversas etnias que pronunciavam de
modo diferente um nome comum à mesma divindade), na África, no Brasil e
em Cuba, no Haiti e em outros países americanos, como a Colômbia e a
costa dos EUA. Na verdade, “Mpambu” tanto em Kimbundo quanto em Kikongo
significa cruzamento, encruzilhada (sendo que, em Kikongo, há a tradução
de “Mpambu” como portão, ou local fechado), e “Njila” significa rua,
caminho.
Por
extensão, atribui-se em Angola esse nome aos homens andarilhos, os
“homens da rua”. O nome “Pomba-Gira” já possui uma relação mais complexa
e profunda com o “Pambu Njila” Bantu, acrescido de outras informações
que vão de mitos europeus, persas e até indígenas, que, se der, um dia
coloco aqui. Sem nenhuma variação mítica, em todos os povos Bantu, a
encruzilhada é o umbigo do mundo, o início dos tempos primordiais onde
tudo teve começo, o ponto de onde surgem as quatro retas que constroem a
encruzilhada. Nzambi criou o mundo a partir desta cruz e colocou Mpambu
Njila como o senhor absoluto desses caminhos, fazendo-o segurar os
quatro gomos principais do Ngombo (jogo divinatório Bantu, equivalente
em importância ao Opón dos Sudaneses – para que Kukiakalunga (Uma
emanação de Nzambi. Kukiakalunga é o “Pensador Angolano”, equivalente ao
Orunmilá Yorubá) pudesse vaticinar os destinos do mundo. Mpambu Njila é
o guardião por excelência.
Aluvaiá
Aluvaiá
em Quicongo fonetiza-se “Alu-Vuya”. Algumas nações, como os Tio e os
Shona fonetizam Alu, ou Lalu. É uma divindade do Congo. Nas casas
Angola/Congo, normalmente as cantigas referentes à Aluvaiá são entoadas
em português. É o Inquisse da herança espiritual, da continuidade dos
valores. É a divindade que faz os acordos com o inimigo, se fazendo
passar por ele, sendo um senhor da infiltração. É quem fecha os acordos e
os favorecimentos no terreno da magia.
Mavambo, Mavangu, Marambo, Marabu, Malagô, Navango, Igo Mavan, Marabô, Jiramavambo
O
Senhor do Barro, o Conquistador! Nascido dos sonhos de Nkoce. Quando em
suas andanças, Nkoce parava para dormir nascia um montículo de barro
onde Nkoce colocava sua cabeça. Pela manhã, nesse monte, a cada dia
nascia um Mavambo, para vigiar os caminhos dominados pelo vencedor dos
Leões. Em várias regiões da África, os muçulmanos eram chamados de
Marabu, em alusão ao fato de terem sido conquistadores em várias partes
do continente. Há ainda, o termo Barabô, numa clara fusão do Jeje e do
Cabinda nos terreiros do sul do país.
Sinzamuzila
O
Inquisse que recebe o poder das bebidas que são colocadas na casa de
fundamento e nas tronqueiras. Aquele que é sempre seco e que recebe a
“Marafa” na cuia de cabaça no ritual propiciatório das escolas
Congo/Angola, quando se envia o Sinzamuzilla para a porta. Do quikongo
“Sanzala”, bêbado, trôpego.
Malungo
O
Inquisse que acompanha as pessoas durante toda a vida. Aquele que envia
seus “fantasmas de proteção” (Zumbikukulu) para acobertar quem entra e
sai do terreiro, quem nos protege da morte; Aquele que livra do
sofrimento. Entre os Lundakioko, “Ma-lunga” homem, amigo etc. Do Kikongo
“Lungo” (Ma-lungo, plural), morte, dificuldade.
Jujuku
Aquele
que faz magia de morte. Ainda que a palavra “Jujuku” seja uma palavra
provavelmente Yorubá (“Juju” = magia com objetos; + “Iku” = morte) que
deve ter sido aprendida pelos descendentes Bakongo, este Inquisse é
utilizado para feitiços e para tormentos onde são usadas coisas pessoais
daquele que se pretende agredir magisticamente.
Kijanjá, Kujanjo
Inquisse
da matança e da Lua. É aquele que recebe as oferendas de todos os
outros Inquisse e faz a transmissão do poder das oferendas a todos do
terreiro. Por isso as matanças são feitas com os animais em ciclos que
obedecem às fases lunares. Do Proto-Bantu “Kijan”, Lua, usado ainda hoje
pelos jongueiros do Brasil como “Quijama”.
Mavilutango
O
Inquisse da dança e do movimento, dizem as lendas que ele é que dá ao
ser humano, através da dança, a capacidade de se relacionar com o mundo,
com os vivos e os mortos. Por isso é ele quem se encarrega de levar o
“Padê”. A palavra “Tango” vem do quibundo “Tangu”, significando pernada.
A dança argentina de mesmo nome provém dessa mesma raiz Bantu, cujas
origens foram praticamente esquecidas por lá.
Burungangi
Inquisse
dos Bakongos, conhecido como “Mbulu” ou “Mbulunganga”. Há uma expressão
em Bakongo que significa “Grande força” (Mbulu-nguzu, embora esta
palavra se relacione mais com o Inquisse Burugunzo). É aquele que
acompanha Biolê e é assentado nos trilhos e nas ferrovias. Nesse caso,
este Jila descreve-se como “Mbulu-Nganga”, “Poder do Ferro”. A palavra
“Nganga” aponta para termos Bantu relacionados a “derreter”, tais como o
quicongo “Kanga” ou o Quioco “Nganga” (metal fundido), e finalmente ao
Bantu genérico “Ngangula” (ferreiro). Associa-se ainda, ao Bantu
multilingüistico “Nganga”, significando feiticeiro.
Bionatan
Inquisse
patrono da alegria. Recebe doces e flores. Algumas traduções do
Quimbundo indicam essa palavra como “risada”, bem ao estilo dos Njila.
Mas há ainda, traduções do Quicongo: “Mbyantunda”; “Ntunda” – Monte,
colina; “Mbya” – coquinho de palmeira, talvez uma aproximação deste
Inquisse com o Exu yorubano nas questões dos métodos divinatórios.
Sigatana, Singangara, Siganga, Gangaiô
“Singa”
– nome que se dá à vara do canoeiro. No quicongo “Sinda”, se traduz
como ir ao fundo d’água; no umbundo “Sinda” refere-se ao ato de empurrar
associado ao multi-Bantu “Nganga” – feiticeiro, traduz-se
aproximadamente como o feiticeiro que habita o fundo das águas. De fato
esse Njila associa-se a Zumbarandá e Kissimbi nos assentamentos destes
outros MiInquisse. É invocado simbolizada pelo egan (gorrinho em forma
de cone), e pela pena vermelha do papagaio.
Tibiriri, Tonã
Encontra-se
menção a este Inquisse nos rituais Angola, embora seja óbvia a sua
relação com o Tiriri dos Yorubá: “Ti” – Grande Força; “Riri” – Valor,
traduz-se como “Valoroso”. Igualmente Tonã parece relacionar-se com o
Lonã (Caminho) Yorubá. Resta descobrir se houve uma aculturação do Nagô
sobre os rituais Congo/Angola, ou se na própria África essa divindade se
espalhou por várias regiões. Há ainda a o termo Tupi Tiriri (nome de
uma ilha), originado de su-y-ry-ry, que significa "pássaro que faz
barulho”. Interessante é que em alguns totens deste Inquisse há um
pássaro esculpido e ainda, na Umbanda, Tiriri é o guardião de
Yori/Ibeji/Oxum (yabá dona de um pássaro), cujo sinal cabalístico de
pemba representa hieraticamente, um pássaro. E, finalmente, encontramos
na Cabala hebraica o termo “Tirirel” como o demônio guardião de mercúrio
(planeta de Yori). Vai saber...
Ngambe, Ingambeiro, Engambeiro
O
termo engambeiro ou engambelo é comumente usado pelo Povo-de-Santo como
verbo, na flexão engambelar, o que aproxima este Inquisse da
representação de Trickster do Exu yorubano. No Umbundo diz-se “Uyambelo”
como o presente que se dá ao curandeiro, o que originou, possivelmente a
palavra engambelar - de uso nos terreiros quando se dá uma oferenda de
paliativo ao “santo” até que se possa dar outra melhor. O povo Ganguela
diz “ndambelo” como aquela porção que se dá a mais do que se promete
como “agrado” em troca de um favor. Os Soto dizem “Kabelo” com o sentido
de contribuição. Ngambe é o nome de um Inquisse onde em sua barriga
colocam-se moedas, notas (na antiga África usava-se búzios, marfim e
cobre) e outros objetos de valor.
Etajelungi
Mais
um Njila que nos parece uma somatória brasileira do fundamento das
qualidades de Exu com o de algum Inquisse Congo. “Etá” em quicongo
traduz-se como pênis ou como qualquer objeto que lembre o falo. É
acrescido, talvez da palavra yorubana “Ijélu” – “I” – (Aquele que); “jê”
(é); “Elú” (Índigo, a planta que produz a tinta chamada “Arô” para
fazer o “Wáji”, que representa o preto nas pinturas rituais. Entre os
Bakongo a representação do falo de alguns Njila é pintada com a cor
azul, assim como dissemos na abertura, sobre os Pambu Njila e a
influência ritual Yorubá.
Korobo
O
Pambu da folha, espécie de “Aroni” angolano, portador da enxada, foi
quem ensinou os homens a plantar. É o guardião da “Kisaba Kiasambuka” do
Inquisse Katendê. Em quicongo encontramos a palavra “Kulumba”, como
“homem rude do mato”, que vaga pelas estradas e “Kuluba” como “enxada
velha”.
Niquerô
Inquisse
que recebe as oferendas dos Minquisse caçadores. O guardião da fartura e
da distribuição de força vital para o terreiro. Em quicongo, “Ndiiki”,
aquele que alimenta.
Dundo Salunga, Dundo Calunga
Inquisse
do mistério, Pambu do silêncio, o grande peixe que leva as pessoas para
o infinito. Sua representação é a de um peixe de madeira onde se
colocam mensagens e objetos para os que se foram. Dundo em quicongo é
“Ndundu” e refere-se ao peixe Seese. Calunga vem do termo
multilingüístico Bantu “Kalunga” que traduz a idéia de grandeza,
eternidade, vastidão. Pode ser tanto identificado com o céu e o espaço
infinito como com o mar. Kukiakalunga é o Inquisse pensador dos
Angolanos (do verbo “Oku-Lunga” – ser esperto), o patrono do jogo
Ngombo. No Brasil o termo se ligou ao cemitério e à morte, pois muitos
escravos morriam no mar antes de aqui chegarem, embora a idéia de
eternidade ainda assim, tenha relação com o local onde habitam os mortos
Naban, Nabondo
Inquisse
guardião das árvores. Representado por um pássaro (!). Conforme o
quikongo “Na-mbondo”, uma árvore, o embondeiro. Divide seus poderes com
Nkondi – Inquisse da família de Nkoce - esta árvore é cultuada
principalmente para o feitiço. O embondeiro tem forma de garrafão, e é
chamado de “Nkondo Ikuta Mvumbi” (Embondeiro do morto gordo), por que a
pessoa contra quem se faça o feitiço, contra quem se prega o prego,
morrerá gordo, inchado como o embondeiro. Conforme o prego usado, o
efeito, segundo o povo de Cabinda, será mais ou menos imediato, se for
de ferro, de cobre ou de alumínio.
Ingué, Izangué, Yanga
Entre
os Tchokwe encontramos a divindade Yanga, fonetizada como Yangue em
outras tribos do norte de Angola. A lembrança da relação do nome com o
Exu Yangi dos Yorubanos é inevitável. No Brasil e em Angola Ingué e
Yanga compactuam do fato de não beberem cachaça nem dendê. Veste-se de
branco. Na África, como no Brasil, quando está possuindo alguém, não
come nada vermelho.
Malusibango
Encontra-se
referências rituais de um Inquisse da fortuna em Angola, chamado
“Luo-Mbangu”. E encontramos a palavra “Mbangu” em quicongo significando
“benesses” ou “ganho”.
Apavenã
É
o senhor das oferendas, o portador e o mensageiro. É sempre o primeiro a
ser invocado. É o dono do dendê, por isso o carrega na peneira, segundo
dizem...
Imbeberiquiti, Imbeperequeté
Inquisse
guardião das portas das casas. Seu nome refere-se a alguém sentado, ou
baixinho, provavelmente em alusão a postura que assumem as pessoas que o
incorporam na África. Do Umbundo “Velekete”, pessoa de estatura baixa,
ou alguém de cócoras/sentado.
Manawelé, Mawe, Mavilê
Maville
é um dos nomes associados a todos os Njila. Mavile vem do Umbundo
“Omavele” ou do Quicongo “Mavele”, plurais de “Avele” que significa
leite, provavelmente alusão ao poder de ligação destas divindades
guardiãs com o poder criador do esperma.
Kunkurunguanje
Inquisse
da palavra e da invocação, das poesias e dos Jamberessu. O que fala
pelas outras divindades. Do quicongo “Nkunga”, canto, poema, palavra,
associado ao Umbundo “Ulungundju”, ronco ou urro. Traduz-se como “aquele
de voz rouca”, característica bem típica da manifestação destas
divindades.
Kamungo, Camunga
Inquisse
que se esconde, que mora embaixo da terra. Seus fetiches são enterrados
e as oferendas colocadas por cima, o que o relaciona aos mortos e aos
ancestrais. Em linguagem cifrada os jongueiros chamam “Kamungo” de
tambor, em alusão ao orifício do instrumento, onde algo pode se
esconder. Há o Nhungue “Kabungu”, o Iaca “Nungo”, o Umbundo “Ochimunga” e
Quibundo “Kibunga”, todos significando objetos como chapéus, panelas,
baldes, etc, utensílios que identificam algo que cobre. Há ainda a
concepção totêmica do rato, animal relacionado, na África aos Njila,
assim como o marimbondo e outros, pequenos animais com grande poder de
penetração nos lugares. A linguagem cifrada dos velhos feiticeiros velou
o significado sagrado deste Inquisse, assim, no Umbundo encontramos a
forma diminutiva “Oka-mpuku”, ou “Okamundongo”, rato, camundongo, e
ainda, “Mundongo”, como escravo, identificando a função exterior de
divindades guardiãs africanas como Exu, Bara e Pambu-Njila.
Jembelu
Classe
de Njilas que recebe a menga do sacrifício: são os Yembêle. Do quicongo
“Mbe”, som onomatopaico de pancada, associado à raiz “Ele”, líquido,
leite, ou algo que escorre, no caso, a menga.
Embarujo
O Inquisse guardião da cura, é quem acompanha Kavungu. Do Umbundo “Uemba”, significando feitiço, veneno e remédio.
Kariapemba
Talvez
por influência católica já em terras africanas, ou talvez mesmo em
Portugal, essa divindade – assim como outras, tais como Nkoce, conforme
veremos – é tida como extremamente maléfica entre os angolanos, havendo a
necessidade de benzer-se o ambiente onde se acredite que ele esteja.
Seu nome, em Quicongo “Nkadi-a-pemba” e em Quibundo “Kádia-Pemba” não
assimila outra tradução que não “demônio”.
Manakó, Manacuco, Mancuco, Mancuce
Invocado
no pade, é quem providencia a comida e a bebida de todos. Benéfico, não
gosta de bebida alcoólica, gosta de branco. É quem dá a fortuna. Há a
relação oculta da fortuna e da bem aventurança com o fato de seu nome
bantu ser, no Quicongo, “Nkusi”, no plural “Bakusi”, traduzindo “o
pescador”. Há ainda “Munkusi” – “Vento que vem do estômago
(flatulência)”, traduzindo o estado de saciedade quando se está farto de
comida.
Toroni Batola, Bute
Do Ronga “Mbuti”, bode, animal geralmente usado em sacrifício a estes Njila.
Quitungueiro
Inquisse
ou espírito da morte, que se apresenta de todas as formas possíveis,
pois não é possível desvencilhar-se dela. Do Quicongo “Kintungu”, tudo
que aparece por inteiro, que se desenvolve e que se mostra de várias
formas. Associa-se o conceito ao Quibundo “Kitungu”, casebre, mausoléu,
ou seja, o lugar onde habitam os que se transformaram: cemitério.
Caracoci
Do
Quicongo “Ekala” homem (quando se refere a alguém que não se conhece),
associado ao Quibundo “Kutxi, Kuxi”, orelha, de onde vem o português
“cochichar”. “Homem que murmura, fala baixo”. Muitas das manifestações
mediúnicas e possessões africanas e no Brasil, estes espíritos se
comunicam dessa forma.
Fonte: http://acervoayom.blogspot.com/search/label/Bantu%20-%20Angola%20Congo%20Cabinda%20etc
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